31.12.20

Uma síntese de 2020

 Todo ano é feito de muita vivência e aprendizado, mas eu diria que o ano de 2020 foi mais do que isso, um ano de provação. Viver já não é lá coisa muito fácil, e isso não é segredo pra ninguém... Mas ter (sobre)vivido 2020 foi quase como uma missão, principalmente interior e curiosamente coletiva. Afinal, do dia pra noite, todos os seres humanos da face da Terra foram tirados do seu eixo e sacudidos sem aviso prévio. Sendo confrontados com o medo e com a perda, tanto de pessoas queridas como da liberdade nessa nova realidade restritiva do mundo. Pouco a pouco os grandes desejos, o lazer, as futilidades do cotidiano e a trivialidade da vida foram se esvaindo… E assim dando lugar ao cuidado, à saúde, à família, à humanidade, ao senso de coletividade e aos enfrentamentos. Nunca antes precisamos, e de fato fomos, tão humanos. E no meio disso tudo, ainda tivemos a (às vezes tão árdua) tarefa de conviver com a gente mesmo, mais do que nunca antes na história do século atual. Sem o mundo exterior frenético para ajudar a preencher grande parte dos nossos anseios, fomos obrigados a manter um diálogo diário ainda mais profundo com o nosso próprio eu. Questionando e entendendo nossos pensamentos, nossas mudanças, nossas ações, nossa realidade, nossos privilégios e nossas prioridades. Pois nesse ano, nossas atitudes não eram apenas sobre a gente. E desse jeito fomos levando, suportando e aprendendo, evoluindo mesmo com alguns tropeços, perdas e desvios. Mas, apesar de todas as dores que 2020 trouxe, ele certamente também proporcionou a cada indivíduo que sobreviveu a ele, um senso muito maior de valor perante aquilo que realmente importa na vida... E que nem sempre paramos para observar, agradecer e valorizar. Beijos, abraços, momentos, pessoas, lugares e circunstâncias nunca antes foram tão preciosos. Às vezes sentimos que precisamos de tanto para alcançar a tão sonhada felicidade, mas no fim, se tivermos saúde, onde morar, o que comer e a quem amar e ser amado, significa que a sorte já está ali vibrando ao nosso lado, basta ter um olhar mais demorado. Achei que 2020 seria o ano em que eu fosse conseguir tudo o que eu queria. Mas agora eu sei que 2020 é o ano que me ensinou a agradecer por tudo que eu tenho.



27.11.20

A beleza no neutro

Sempre gostei muito das cores pelas sensações únicas que cada uma causa. Já a ideia da imagem preta e branca nunca me atraiu muito. Apesar de achar bonito, no fundo eu sempre pensava que deixando a cor original da imagem ela teria mais contexto, história e verdade. Até que fiz a disciplina de Fotografia na facul de Jornalismo e aprendi que deixar a imagem preta e branca na verdade serve justamente para não dispersar o observador com a cores, o fazendo focar de fato na mensagem que a foto produz. Confesso que de início descobrir isso foi chocante pra mim, amante do potencial das cores. Hoje sigo preferindo as paletas diversificadas e radiantes, mas aos poucos também tenho aprendido a apreciar a arte do neutro. Afinal, se as cores trazem vida, a neutralidade traz imersão. E se até mesmo o céu as vezes escolhe ficar cinza ao invés de azul, quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado?






18.8.20

Seriam as Janelas a alma dos olhos?

 Sempre amei a estética de lençóis amassados e a sensação de conforto e vida que trazem, mas não consigo viver meu dia sem antes arrumar a cama e esticar perfeitamente os lençóis e cobertores impreterivelmente todas as manhãs...já aceitei que certas coisas existem para serem bonitas somente na idealização e não na prática. Já as janelas eu sempre preferi abertas, afinal uma janela que permanece fechada não está cumprindo com êxito a sua função. Independentemente do design, material ou cor, toda janela é uma brecha que sempre traz conforto pelo simples fato grandioso de expandir. As vezes precisamos mudar o ambiente e olhar pra fora da gente, absorvendo novas versões da vida que nos ajudem a compreender melhor o nosso próprio lado de dentro, e se os olhos são as janelas da alma seriam as janelas a alma dos olhos?