24.5.17
textos
Compasso Transição Rarefeito
Existe uma certa idade na vida que chega pra todo mundo, a idade em que o indivíduo perde o compasso e a capacidade de identificar sua percepção real do mundo e da sua própria existência nele, e é ai que a mente se perde e tudo passa a ser rarefeito, exatamente como se a sua vida fosse se diluindo aos poucos. Alguns chamam isso de puberdade ou variações de termos que nada mais significam além de crescer, mas o buraco é bem mais fundo e complexo do que apenas isso. A transição funciona mais ou menos assim, você inicialmente só vive, vive por viver, mas não no sentido de apenas existir, longe disso, a questão é que você segue um fluxo sem se preocupar pra onde ele esta te levando ou qual a forma que você deve seguir esse fluxo, você só vai sem se questionar ou se preocupar e tudo acaba sempre dando magicamente muito certo, na verdade as coisas dão sempre tão certo que você nem imagina que tudo pode vir a dar tão errado e virar uma confusão infinita na sua mente, até perder o tal compasso. Eu fui perdendo o meu aos poucos, afinal esse não é o tipo de coisa que se perde de uma hora pra outra, cada vez que a vida ia se mostrando mais pra mim como algo injusto, algo incompreensivo, algo sinuoso, algo lindo misturado com algo horrível eu ia o perdendo mais. Certo, nesse momento você deve estar se perguntando ta mas isso não é crescer? sim isso é crescer mas eu não me refiro ao crescer estereotipado em que você começa a ter que lidar com responsabilidades e com as coisas ruins da vida, eu falo de como a mente se descompassa e acaba tendo que se moldar para lidar com o peso da vida e da realidade a qual estamos fadados. E quando eu utilizo o termo compasso eu me refiro a sincronicidade da vida, quando somos crianças andamos no mesmo ritmo linear e confortável em rumo a algo desconhecido, crescer dói, tudo sai do seu eixo e lugar de origem, você descobre que a vida não é a sincronia na qual você acreditava e vibrava como se não houvesse amanhã, e sim uma diacronia incessante as vezes contemplada por momentos harmônicos que são o folego da sua existência, e que lidar com tudo isso depende não somente de maturidade e experiência mas de sanidade mental e aceitação, pra muitos isso pode parecer sinônimo de algo depressivo, mas não, a partir do momento que você toma consciência da funcionalidade desse descompasso você compreende que ele é inevitável, e por isso deve ser compreendido e suportado pela alma da maneira mais leve possível, para que os momentos de harmonia possam ser vividos tanto ao máximo, ao ponto de que os próprios descompassos não sejam percebidos e a melodia harmônica seja o som que você quiser.
Assinar:
Postar comentários (Atom)

no cartório e pk pros íntimos (por causa das iniciais do sobrenome), 21 anos, virginiana com ascendente em touro e lua em sagitário e salva pela existência do verbo. Não vou falar das coisas que gosto pois odeio objetividade vou falar do que eu sou pois eu sou subjetividade, sou extremo, sou arte, sou desastre. Se você quiser saber sobre mim não me procure aqui pois eu moro nas entrelinhas.
Nossa eu não tinha lido esse ainda. Achei bem interessante, com certeza tu consegue se expressar de maneira coerente e emocionada em textos curtos e longos. Você deveria investir mais no blog, és muito boa no que faz.
ResponderExcluir