5.9.17

Naquele Fim de Tarde Chuvosa

quando costumava ser eu e você
teu sorriso era largo (e frequente) 
teus olhos brilhavam sempre 
teu passo era calmo 
despreocupado 
inconsciente
hoje em dia é eu e o mundo 
você e outra gente 
eu não devia estar escrevendo isso
mas hoje eu te vi caminhando tao indiferente 
é inevitável não sentir 
e não observar 
que teu sorriso nunca mais teve a mesma leveza 
e que teus olhos as vezes transbordam tanta tristeza 
sei que a maioria não vê 
a maioria nunca vai saber 
mas eu sei que você sabe
não só sabe como sente 
que tudo agora anda assim tão diferente
nós nunca mais seremos os mesmos de antes 
correndo contra o vento com o frescor do ápice nas nossas guélas
descobrindo a essência de estar vivo
mesmo estando tão distante 
talvez eu esteja falando com a parede 
talvez eu esteja falando com a janela 
talvez você não sinta mais nada 
afinal eu sempre fui a que sente por dois 
se precisasse por três 
falo de você como se não tivesses me matado por dentro
é engraçado como suicido mentalmente todos os teus vacilos 
em prol da lembrança dos bons momentos
não sei mais quem você é 
provavelmente esse poema triste e desnecessário seja sobre o cara que eu me apaixonei
não sobre o cara que eu repugnei ao descobrir que desprezou um sentimento tao nobre 
e que já não havia mais pureza em seu coração 
estranha sensação boa de sobreviver aos efeitos colaterais da decepção
mas isso não importa 
afinal as nossas portas já se fecharam a muito tempo 
a chave se perdeu 
a magia morreu 
a vida continuou 
não sei se devo pedir desculpa
por ter notado sem querer teu pedido de socorro 
naquele fim de tarde chuvosa 
naquele vago olhar triste

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