11.4.19

Epitáfio

Certa tristeza me atinge quando paro pra lembrar da minha eu que afoguei na própria projeção de mim que recriei. Foi-se tudo. Além do ar, alguns estados de espírito, e a alma leve sem a noção do peso da existência. Anseios e devaneios. Únicos e existencialistas. E uma certeza tão forte de essência. Sei que fiz isso pro meu próprio bem. Uma espécie de eutanásia. Aniquilei-me. Matei antes que me matasse. Me livrei da dor do sentir mas adquiri o vazio do apenas existir. Eu já vivi 19 anos e tenho vontade de recomeçar. Queria voltar no tempo e parar tudo que me parou em algum momento e me fez ser menos eu. Ainda sou eu aqui em mim mas em uma outra versão. Mais iluminada pela luz incandescente do que pelo brilho natural. Porém sigo radiante e radioativa. Isso tudo é uma mistura de culpa e saudosismo. Antigamente eu sabia exatamente o que fazer e agora eu só sei exatamente o que escrever. Me questiono por onde andava meu cérebro quando fiz certas coisas que me dissiparam de um jeito jamais reconstituível. Talvez estivesse queimando neurônios demais pensando em funcionalidades ao invés de realidades. Maldita projeção. Eu só quero agir como me sinto e sentir o que sou sem escrúpulos e incertezas. Arrependimento mata. Excesso de pensamento também. E o excesso de excessos consome. E assim eu desabafo pelos dedos tentando encontrar em algum lugar dessa maldita tela que me cega os olhos um pouco de fôlego de alma. São nesses momentos de puro êxtase e pouca sanidade que surgem as verdades. E a verdade é que eu sou intensa pra caralho.

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