21.5.20

A pandemia do lado de dentro

Agora são 01h30am do dia 18/05/2020 e eu permaneço de olhos pregados pois o amanhã é incerto. Já perdi as contas de quantos dias estou de quarentena e a quanto tempo o mundo tem clamado por trégua. Me sinto escrevendo um texto valioso pois cada fração dessas linhas estão repletas de momento. O agora é intransponível e esse texto nunca poderá ser reescrito, pois esse momento é único na história. Não só na minha como na de todos os seres humanos que habitam esse planeta que chamamos de Terra e tratamos com miséria. E ele, o planeta, está gritando em alto e bom som a sua réplica. Eu ainda nem citei o problema e você certamente já sabe do que se trata. O vírus com nome de cerveja que tem percorrido países e corpos, assustando o mundo e nos mantendo dentro de casa, presos em nós mesmos. Não vou entrar em méritos de saúde pública aqui (apesar deles serem primordiais), eu quero é tratar do lado humano que existe em meio a essa pandemia global, dos corações que pulsam quentinhos e inquietos dentro de suas casas. Nos últimos dias meu despertador tem tocado como de costume, e o pensamento que antes costumava ser a minha rotina agora, por vezes, da lugar a uma nuvem pesada que paira sobre as minhas responsabilidades triviais. Confesso que às vezes é difícil controlar a angústia ao imaginar quanto essa “prisão” domiciliar patrocinada pela covid-19 pode durar e a dimensão dos estragos que pode causar...mas logo tento racionalizar e substituir esse pensamento pelo clichê mais verdadeiro da história: todas as coisas ruins sempre tem seu lado bom. O dia-a-dia sem pandemia é um flash, as obrigações se misturam com as vontades que se misturam com as horas que se misturam com as pessoas que se misturam com os lugares, e de repente já tá na hora de deitar na cama pra descansar e começar tudo novo de novo. Pela primeira vez na história o planeta está nos proporcionando um respiro...profundo, necessário e de cura. Que tenhamos a sabedoria de respeitar e usufruir desse momento inédito sem pânico e de forma construtiva, decorando não só o lado de dentro das nossas casas, mas também do nosso corpo e da nossa alma.


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